COMPOSITORES

Compositor amazonense Luciano Kikão faz sucesso com aplicativo de músicas gratuito.

Quase 80 anos após a invenção dos discos de vinil, que embalaram as festas de várias gerações, as gigantescas caixas de som deram lugar a um aparelho que cabe no bolso. Graças à tecnologia, o espaço para gravação — antes de, no máximo, 20 minutos de cada lado do LP —, não tem limites. Bom para os forrozeiros, que ganharam um aplicativo para celular com cerca de 10 mil músicas: o “Luciano Kikão”.


“Hoje em dia, as pessoas usam mais celulares e tablets, nem mexem tanto em computador. E todas gostam de baixar e compartilhar músicas no Whatsapp e nas redes sociais. Achei que seria uma boa ideia para divulgar as minhas canções”, disse o compositor, que dá nome ao programa criado em abril deste ano.

Disponível na versão Android, o app já foi baixado por cerca de 50 mil usuários. Com músicas bem conhecidas do público, como Aviões do Forró e Calcinha Preta, por ser acessível e não ocupar a memória dos smartphones — todo o conteúdo fica salvo em uma plataforma virtual —, o aplicativo superou as expectativas dos criadores. Segundo Kikão, pessoas do Ceará, Goiás, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul já dançam ao ritmo do repertório online.

“Comecei a divulgar e entrei em contato com amigos de algumas bandas. O objetivo era fazer um ‘movimento do forró’, mas fez tanto sucesso, que coloquei outros estilos: arrocha, pagode, sertanejo, bolero e até dance. Muitos usuários, que instalaram para ouvir outros ritmos, começaram a gostar de forró. Fiquei surpreso, porque não imaginava que fosse atingir tantas pessoas”, declarou.

Sem fronteiras

De acordo com o forrozeiro, o app não apenas rendeu reconhecimento pelo seu trabalho musical, mas resultou em novas portas.“As minhas músicas faziam sucesso, mas muitos não sabiam quem era o compositor ou como encontrá-las. Além de as pessoas me conhecerem, duas bandas do Sul (Tchê Chaleira e Tchê Garotos) e o Frank Aguiar gravaram músicas minhas, graças ao programa”, enfatizou.

Em oito anos de carreira, já são 235 composições, entre elas “Playboy Arretado”, gravado por “Munhoz e Mariano”, e “Jogando Gelo”, sucesso durante a Copa do Mundo de 2014. “Foi a música que a ESPN escolheu para representar a Região Norte no Mundial. Desde lá, ela já teve 8 milhões de acessos no meu site (www.lucianokikao.com) e até ganhei seguidores de Miami, Canadá, Austrália e Arábia no perfil do Instagram (@lucianokikao)”, revelou.

Novidade

Desenvolvido pela “Vorax - Soluções Interativas”, o aplicativo “Luciano Kikão” disponibiliza download das músicas em MP3, com alta qualidade. Para 2015, além de aumentar o repertório, o programa poderá ser baixado por quem tiver produtos Apple e Nokia. “Até fevereiro, vamos lançar para os sistemas iOS e Windows Phone. As plataformas estão prontas, apenas em fase de testes”, disse o diretor da empresa, Eduardo Mazzoni Araújo.

“Recentemente, o Google fez a publicação de algumas coletâneas oficiais do Luciano Kikão na página da ‘Play Store’, onde pode ser baixado por celular ou computador. Ficamos surpresos, pois realmente estamos vendo que a informação vai bem longe. Além disso, o próprio Google está vendendo o material e gerando receita para o compositor”, concluiu ele, que desenvolveu o programa. Destaque O aplicativo “Luciano Kikão”, tem músicas gravadas em alta definição de centenas de bandas, organizadas em ordem alfabética.

Todo o conteúdo do aplicativo é grátis e disponível para download em MP3. É compatível com as redes 2G, 3G, 4G e Wifi e está interligado ao site www.lucianokikao.com.São mais de 2 (TB) Terabytes de músicas de forró, arrocha, bolero, pagode, sertanejo e dance, que não ocupam espaço no dispositivo dos smartphones, pois ficam em uma rede Cloud. Elas podem ser compartilhadas pelo Whatsapp e redes sociais. Futuramente, o app terá repertório de toadas.

Fonte: Critica - NATÁLIA CAPLAN



Compositores de 'Beijinho no ombro', que virou hit na voz de Valesca Popozuda, comemoram sucesso


RIO - Wallace Vianna, morador do Méier, e André Vieira, da Ilha do Governador, não imaginavam que suas vidas fossem mudar tanto quando, juntos, escreveram a música “Beijinho no ombro”, que, na voz da funkeira Valesca Popozuda, fez — e continua fazendo

— bastante sucesso no país. Um ano e dois meses depois do lançamento da canção, a vida e a rotina da dupla de compositores mudaram totalmente. Saíram as dificuldades financeiras e a desconfiança do mercado, e entraram o conforto e o assédio dos produtores de artistas.

Graças aos royalties do hit, Wallace e André puderam, cada um, comprar carros e deixar seus antigos empregos. Wallace, formado em publicidade, trabalhava em uma agência, enquanto André dava expediente como analista administrativo.

— Hoje conseguimos dedicar o nosso tempo inteiramente à música. E eu aproveitei para fazer alguns investimentos fora da arte. Apliquei em ações, por exemplo. Ter me formado em administração ajudou. O Wallace até brinca dizendo que eu sou pão-duro, mas quero mesmo é multiplicar o dinheiro para usá-lo melhor — comenta André, de 27 anos.

Wallace, 26, comemora os novos tempos:

— É muito bom poder realizar sonhos. Há dois anos, eu estava ali na Rua Dias da Cruz, em pé, esperando o ônibus 607, suando debaixo de um sol quente. Não pensei duas vezes quando pude comprar um carro.

O clipe oficial da música, publicado no YouTube no dia 27 de dezembro de 2013, já soma mais de 39 milhões de visualizações. No iTunes, o single ficou, por várias semanas, na lista das músicas mais baixadas da loja virtual. O mercado publicitário também pegou carona no sucesso para promover campanhas. A repercussão foi tanta, que até o Coral da Universidade de São Paulo, em parceria com a Bateria de Agravo de Instrumento da São Francisco, fez sua versão para a canção. E vale mencionar as inúmeras gravações feitas por fãs na internet, dentro dos mais variados gêneros, como o blues, a música clássica, o metal, o sertanejo, e até o gospel.

“Beijinho no ombro” foi a terceira música da parceria entre Wallace e André, que se conheceram pela internet, conectados pelo gosto de compôr.

— Queríamos que todas as frases da música fossem de impacto. E quando fomos escrever, decidimos que cada um faria uma frase atacando o outro, que, por sua vez, teria que rebater. Fizemos a letra assim, como se fosse uma batalha — revela Wallace.

Com a música nas mãos, só faltava a voz. Surgiram alguns nomes, mas o destino queria que o canto fosse de Valesca.

— No início, pensamos em oferecer a música para a MC Ludmilla. Liguei para o empresário dela, que era marido da MC Pocahontas. Ele se interessou, mas queria que a música fosse gravada pela esposa. Só que eu também tinha mostrado para o DJ que produz a Valesca. Ele ouviu e disse que, além da Popozuda, a Anitta também poderia gostar — explica Vianna.

Valesca estava iniciando carreira solo e precisava de um bom single para o momento. Foi então que Leandro Pardal, empresário da funkeira, entrou em cena. Ele colaborou com a letra e adquiriu os direitos da música.

— Se fosse gravada pela Anitta, só entraria no CD. Mas se a Valesca pegasse, seria música de trabalho. Então eu e o André achamos melhor a segunda opção — revela Wallace. Para provar que a parceria entre Wallace, André e Valesca deu mesmo certo e alavancou a carreira deles, os compositores adiantam que vão assinar todas as 14 faixas do primeiro álbum da cantora, que será lançado em breve.

— Antes, eu batia de porta em porta e não era bem atendido pelas pessoas. Hoje, nos procuram querendo um sucesso como “Beijinho no ombro”— diz Wallace, que ao lado do parceiro André, já foi gravado por 39 artistas, entre os quais Belo e os grupos Aviões do Forró e Sorriso Maroto — Beijinho no Ombro estourou, mas já é passado. Precisamos continuar trabalhando. Amigos e sócios, Wallace e André hoje vivem de música e tem canções gravadas por vários artistas.

Fonte: O Globo - Angelo Antônio Duarte